segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A internet faz mal ao cérebro?


PREÇO ALTO O biólogo Hebert Campos, em Campina Grande. A internet abriu seus horizontes e acabou com sua concentração. “Perco de um lado, mas ganho do outro”  (Foto: Kleide Teixeira/ÉPOCA)










     O escritor americano Nicholas Carr sentiu que algo estranho ocorria com ele há uns cinco anos. Leitor insaciável, percebeu que já não era capaz de se concentrar na leitura como antes. Na verdade, sua ansiedade disparava diante de qualquer tarefa que exigisse concentração – seus olhos procuravam a tela do computador ou do celular. O impulso de espiar na internet era quase incontrolável, diz ele. “Sentia que estava forçando meu cérebro a voltar para o texto”, afirma. “A leitura profunda, antes tão natural para mim, tinha se transformado numa luta.” Tal afirmação abre o livro The shallows – What the internet is doing to our brains (Os superficiais – O que a internet está fazendo com nossos cérebros, ainda sem tradução no Brasil). Nele, Carr faz uma acusação seriíssima: a exposição constante às mídias digitais está mudando, para pior, a forma como pensamos. Ele e um punhado de autores respeitáveis acreditam que, por causa do uso excessivo de computadores e de outros aparelhos digitais, nosso cérebro é alterado e estamos nos tornando menos inteligentes, mais superficiais e imensamente distraídos – o inverso de tudo aquilo que fez de nós a espécie mais bem-sucedida do planeta Terra.
“Em vez de mentes juvenis inquietas e repletas de conhecimento, o que vemos nas escolas é uma cultura anti-intelectual e consumista, mergulhada em infantilidades e alheia à realidade adulta”, afirma Mark Bauerlein, autor de The dumbest generation (A geração mais estúpida). No livro, ele antecipa uma nova Idade das Trevas, quando os indivíduos que hoje são crianças e adolescentes chegarem à maturidade.
Bauerlein, professor na Universidade Emory, na Geórgia, supervisiona estudos sobre a vida cultural americana. Ele acredita que as novas gerações, educadas sob a influência das mídias digitais, são formadas por narcisistas despreparados para pensar em profundidade sobre qualquer assunto. Ele diz que uma pesquisa de 2006 com mais de 81 mil estudantes americanos de ensino médio detectou que 90% deles “leem ou estudam” menos de cinco horas por semana – embora passem “pelo menos” seis horas navegando na internet e um período equivalente assistindo à TV ou jogando videogame. “Indivíduos que não sabem praticamente nada de história, que nunca leram um livro nem visitaram um museu não têm mais do que se envergonhar. Tornaram-se comuns”, afirma.
Carr e Bauerlein não estão sozinhos. A jornalista Maggie Jackson, outra autora crítica da tecnologia, sugere que os mais jovens estão acostumados, por culpa da internet e do uso de celulares, à leitura desatenta de textos cada dia mais breves e estilisticamente mais pobres. Os 140 caracteres que se podem escrever no Twitter, ela acredita, geram pensamentos máximos de 140 caracteres. Parece exagero, mas alguns estudos mostram que há motivos para preocupação. Uma consultoria chamada Genera divulgou um estudo alarmante sobre os efeitos do uso da internet entre os jovens. A empresa entrevistou 6 mil pessoas da geração que cresceu usando a internet e concluiu que as coisas estão mudando radicalmente. “A imersão digital afetou até mesmo a forma como eles absorvem informação”, afirmam os pesquisadores. “Eles não leem uma página necessariamente da esquerda para a direita e de cima para baixo. Pulam de uma palavra para outra, atrás de informação pertinente.” Um efeito disso já foi notado por um professor da Universidade Duke. Ele reclamou com o autor de The shallows que não consegue mais que seus alunos leiam um único livro do começo ao fim, mesmo nos cursos de literatura.
Se as críticas ao uso dos computadodores partissem apenas de intelectuais preocupados com a ruptura de padrões tradicionais, não haveria problemas. Professores se queixando da preguiça de seus alunos era comum nos séculos XX e XIX e, certamente, antes disso. Esse tipo de evidência circunstancial pode ser facilmente contestado por exemplos contrários, que existem abundantemente, mostrando que há milhões de jovens concentrados que leem e estudam com afinco. Mas os críticos vão além das velhas reclamações. Experimentos como o do professor de comunicação Clifford Nass, da Universidade Stanford, são mais difíceis de rechaçar. Eles sugerem que pessoas acostumadas ao funcionamento multitarefa do computador – que permite fazer várias coisas ao mesmo tempo – tendem a imitar a máquina, tocando várias atividades ao mesmo tempo. Escrevem, falam ao telefone, consultam a internet, ouvem música. Tudo simultaneamente, ou quase. As consequências são perversas. Elas erram, ficam irritadas por quase nada e qualquer estímulo as distrai. O estudo mostra que, quanto mais a pessoa se julga eficiente fazendo várias coisas ao mesmo tempo, pior ela as faz. E, quando é necessário que se concentrem numa única atividade por longo tempo, elas precisam de muito mais esforço. 
A Associação Americana de Psicologia define multitarefa como “a tendência a fazer mais de um trabalho que precise de atenção ao mesmo tempo, como falar ao telefone e escrever uma mensagem eletrônica”. Ela diz que esse hábito promovido pelas novas tecnologias tornou-se um problema. Sério. O motivo é simples: nossa capacidade de atenção é limitada. Quanto mais ela é fracionada, menos funciona. É um problema que tem origem na evolução da espécie. Fazemos bem uma coisa de cada vez e, mesmo assim, com grau limitado de concentração. Apesar disso, estamos nos dividindo cada vez mais. Entre 2008 e 2009, um estudo da Basex, uma companhia americana especializada em consultoria para grandes empresas, concluiu que um trabalhador médio passa mais de um quarto de sua jornada diária lidando com distrações do mundo real (ligações de telefone, conversas com colegas) e virtuais (e-mails, chats). Outro estudo, de RescueTime, revelou que, em média, um funcionário que usa o computador o tempo todo acessa 50 vezes por dia a caixa de e-mails, 77 vezes programas de comunicação instantânea (MSN ou Google Talk) e 40 vezes as páginas da internet. O custo em atenção e produtividade é imenso. Os pesquisadores dizem que, cada vez que interrompemos uma tarefa, ao voltar a ela podemos demorar mais de dez vezes o tempo da interrupção para retomar a atenção inicial.
- (Foto: Reprodução)


O gaúcho Gérson Worobiej, de 42 anos, analista de custos em Porto Alegre, sabe o que isso significa. Ele diz que a desorganização de sua mesa migrou do papel para a tela. Gastava longos minutos para achar um arquivo perdido na caixa de e-mails – e, enquanto o computador buscava, aproveitava para ler coisas na internet. Quando se dava conta, os minutos já tinham virado hora, e ele estava atrasado. Para tentar dar conta das tarefas, abria um grande número de janelas. Geralmente, tinha a sua frente a tela do e-mail, três planilhas diferentes e ainda o navegador, para os momentos em que queria espairecer. Quanto mais fazia, menos produtivo ficava. O antídoto para o problema de Gérson começou a vir do próprio computador. Ele usou a internet para pesquisar programas que pudessem ajudá-lo a se organizar. E encontrou. Hoje, a primeira coisa que faz no dia é planejar tudo, dentro do programa de gerenciamento de tempo. Fica menos ligado no e-mail porque desligou o alerta automático de mensagens e passou a controlar seus acessos à internet. Também reduziu o número de janelas e tenta fazer uma coisa de cada vez. “Hoje, sou mais produtivo e trabalho menos”, afirma.
Existe o temor, entre os pesquisadores, de que a insistência em comportamentos digitais obsessivos possa causar danos ou alterações neurológicos. Num estudo publicado pela revista eletrônica PlusONE, em junho deste ano, cientistas chineses analisaram a atividade cerebral de 18 adolescentes que passavam mais de dez horas por dia jogando na internet. Eles descobriram que regiões cerebrais encarregadas do autocontrole e da capacidade de concentração numa única tarefa e de evitar distrações apresentavam um tamanho menor que a média. Os jovens mostravam também desempenho pior de memória. O professor Karl Friston, do University College London, diz, porém, que os resultados da pesquisa chinesa não são conclusivos, por dois motivos. Primeiro, porque os jovens estudados são viciados que fogem ao padrão de uso geral da tecnologia. Segundo, porque a pequena quantidade de participantes não permite extrapolar os resultados para a população em geral. Outras pesquisas, porém, estão detectando que quem usa demais a tecnologia sofre limitações em relação aos demais.
Depois de colocar 100 estudantes para realizar um monte de testes, Nass, de Stanford, concluiu que os usuários mais intensos de tecnologia pagam um preço elevado por seus hábitos. “Eles são atraídos por irrelevâncias”, diz o pesquisador. “Qualquer coisa os distrai.” Nos testes de atenção, em que se mede a capacidade de separar e filtrar informação, os tipos multitarefa se deram muito pior do que quem usa tecnologia com moderação. No teste seguinte, de memória, eles também tiveram desempenho relativamente pobre. Quanto mais elementos para memorizar, mais eles se afundavam. Surpresos, os cientistas desenvolveram um terceiro teste, para descobrir se os nerds eram bons pelo menos em saltar rapidamente de uma atividade para outra. Nem nisso eles se mostraram melhores. “Eles não conseguiam se desligar da tarefa que estavam executando pouco antes”, afirma o professor Eyal Ophir, que conduziu os experimentos. “Os multitarefas não conseguem manter as coisas separadas no interior da mente.”
No cérebro dos jovens viciados em jogos, a área responsável pela concentração é menor que a média
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A explicação para isso, segundo os críticos da tecnologia, está no conceito de neuroplasticidade – uma palavra difícil que significa, essencialmente, a capacidade dos neurônios de criar novas conexões ou de reforçar as já existentes, em resposta às experiências do dia a dia. Alguns cientistas temem que, por meio da neuroplasticidade, a arquitetura do cérebro dos usuários de tecnologia seja irremediavelmente alterada. A verdade parece ser menos alarmante. Um exemplo é o resultado de um estudo que comparou o comportamento de três pessoas não acostumadas a usar a internet (chamadas “imigrantes digitais”) com o de três indivíduos que tinham crescido entre computadores (os “nativos digitais”). Os pesquisadores pediram aos dois grupos que fizessem uma busca no Google e navegassem pelos resultados enquanto a atividade de seus cérebros era monitorada. O resultado mostrou que os nativos digitais completavam com mais rapidez a tarefa encomendada pelo pesquisador. Ficou claro também que uma área do cérebro relacionada ao planejamento de atividades conscientes se ativava com maior intensidade no cérebro dos nativos digitais. Até aí, nada demais. A novidade é que, depois de cinco dias, o cérebro dos imigrantes começou a se comportar de forma parecida com o dos nativos digitais. A neuroplasticidade tinha entrado em ação.
Apresentado pelos críticos da tecnologia como surpreendente – e até mesmo assustador –, o resultado desse experimento é, na verdade, trivial. Quem aprendeu a dirigir sabe como é. Nos primeiros dias ao volante, tudo parece novo e difícil. Depois, o ato torna-se mecânico. Os cálculos de tempo e distância que pareciam antinaturais são internalizados. O cérebro cria novas conexões entre os neurônios e muda em função do aprendizado. As pessoas dizem que aprenderam, não que seu cérebro foi alterado. Mas a verdade é que o cérebro mudou. Que ele seja modificado pela tecnologia não constitui, portanto, motivo de alarme. Ele se modifica o tempo todo, em resposta a quase tudo.
Há outros motivos para não se preocupar em demasia com as transformações do cérebro. Em primeiro lugar, porque elas parecem ser reversíveis. Do mesmo jeito que os neurônios criam conexões novas o tempo todo, essas conexões podem também se enfraquecer pela falta de uso. Alguém que mude os hábitos de uso de tecnologia pode voltar a ter um cérebro “normal” – como explica o neurocientista português António Damásio, um dos maiores especialistas mundiais no assunto. “Para conseguir processar, analisar e responder à grande quantidade de informações do mundo virtual, o cérebro precisa se adaptar a seu tempo acelerado”, afirma Damásio (leia seu artigo exclusivo na página 80). Ele dá conta do recado por ser plástico e adaptável às novas condições, ainda que cobre um preço na redução da capacidade de concentração. “Mas a dificuldade de concentração não é irreversível. Acreditar nisso é bobagem. Qualquer criança e adolescente com um nível de inteligência normal é capaz de aprender a se concentrar e desenvolver os mesmos padrões de atenção e reflexão das gerações de seus pais e avós”, diz Damásio.
Embora esteja claro que a neuroplasticidade é uma via de mão dupla – ela modifica o cérebro, mas permite que ele seja modificado de volta –, ainda há confusão sobre o que realmente é possível alterar no cérebro humano pelo uso da tecnologia. O psicólogo Steven Pinker, autor de livros fundamentais sobre o funcionamento da mente humana, insiste que o cérebro não é uma massa de argila inteiramente moldável. “A experiência não redesenha nossas capacidades básicas de processamento de informação”, diz Pinker. As pessoas podem se educar para ler mais rápido na internet, mas os resultados serão limitados pela estrutura do cérebro e dos neurônios. Chega um ponto em que as mudanças cessam, por mais impulsos que venham do mundo exterior – da tecnologia ou de qualquer outra área.

A professora Andréa Jotta, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da PUC de São Paulo, duvida até mesmo que haja mudanças reais na cognição humana por causa dos computadores. “As pessoas não perderam a capacidade de se concentrar. O que vemos aqui é um excesso de foco no mundo digital”, diz ela. Há quem entre tão fundo no mundo virtual que se esquece do real a sua volta. Em um dos casos estudados por ela, o paciente via pornografia na baia de trabalho, alheio ao fato de estar em um lugar público. Em outros, as pessoas deixavam de dormir ou ir ao banheiro para não largar um jogo. “A concentração parece estar ali, mas o foco está voltado para outras coisas”, afirma.
Ainda que a internet cobre um preço de seus usuários, como afirma o neurocientista Damásio, as críticas a seu uso ignoram um efeito positivo de sua disseminação: a conexão intelectual de milhões de pessoas que, de outra forma, não seria possível. Ela tem potencial de mexer com a inteligência do planeta inteiro. As redes sociais às quais nos integramos – reais ou virtuais – exercem uma influência considerável sobre nosso desenvolvimento individual. Como sabem os pedagogos, um ambiente estimulante aumenta a possibilidade de que a inteligência se desenvolva. Muitas das grandes ideias não nasceram de mentes privilegiadas trabalhando em laboratórios silenciosos. Nas palavras de Steven Johnson, autor de De onde vêm as boas ideias, elas “emergem de espaços de conexões, da colisão entre diferentes visões, sensibilidades e especializações”. Não é por acidente que a maior parte da inovação científica e tecnológica do último milênio tenha sido produzida em centros urbanos abarrotados e cheios de distrações. Em outras palavras, a inteligência parece ser contagiosa. No século XXI, a internet pode ser o vetor de contágio.

O biólogo Hebert Bruno Campos, de Campina Grande, na Paraíba, é um óbvio beneficiário dessas conexões. Aos 28 anos, ele mora com os pais e dois irmãos. A proximidade da Chapada do Araripe, um dos mais ricos sítios de fósseis do país, fez com que Hebert, desde os 7 anos, tivesse certeza do que seria quando crescesse: paleontólogo. Sonhar era fácil. Realizar o sonho, difícil. Ainda mais vivendo tão longe dos grandes centros do Sul e do Sudeste. Mais complicado ainda quando se sabe que Hebert é superdotado e tem grande dificuldade de estabelecer relacionamentos sociais. “Descobri a internet aos 14 anos. Minhas primeiras amizades foram feitas via internet”, diz ele. “Minha adolescência foi vivida na frente do computador.” Agora, Hebert se prepara para ingressar no mestrado em paleontologia. Graças à internet, conseguiu fazer amigos que o visitam em casa. Mas há um preço. Ele admite que a ultraexposição à internet – que o ensinou a fazer várias coisas ao mesmo tempo – também ajudou a torná-lo ansioso e dispersivo. “As ferramentas digitais me tiraram do isolamento e me conectaram com o mundo. Permitiram que eu conhecesse paleontólogos brasileiros e estrangeiros”, diz ele. “Mas, quando preciso estudar ou ler um livro, calculo o tempo que terei de ficar desplugado da internet. Basta ler uma página para que eu perca a concentração e comece a pensar nas mensagens que devo ter recebido e terei de responder.” Hoje, ele tenta estabelecer alguma distância dos meios digitais. Entre a tela do notebook e o teclado do smartphone, ainda passa oito horas por dia plugado. “Estou tentando balancear minhas duas vidas, a real e a on-line. Perco de um lado, mas ganho de outro”, afirma.Há até um grupo que defende uma ideia à primeira vista delirante: a conexão de bilhões de pessoas à internet permitirá a emergência, no futuro, de uma espécie de inteligência em rede, capaz de transcender o potencial de cada um de seus nós. O jornalista e escritor Kevin Kelly, um dos fundadores da futurista revista Wired, acredita que a tecnologia segue as regras da evolução natural e evolui em simbiose com o ser humano. No futuro, ele enxerga uma fusão total do ser humano com as máquinas, até que uns sejam indistintos dos outros. Kelly chama o aglomerado de tecnologias físicas (ferramentas) e conceituais (ideias) de “Technium”. Não é preciso partilhar essa visão fantasiosa para entender o lado positivo da conexão humana por meio da internet.
- (Foto: Reprodução)

As evidências do benefício da conexão propiciada pela rede estão por toda parte. Os maiores centros de inovação, como o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, surgem da enorme concentração de gente brilhante, bem-educada e hiperconectada. As empresas que quebram padrões são as que conseguem juntar grupos de profissionais notáveis sob um mesmo teto. De alguma forma, as relações que tais indivíduos criam – dentro das empresas ou mesmo no ciberespaço – elevam as capacidades cognitivas de todos eles. A teoria da evolução das espécies, que o filósofo Daniel Dennett chamou de “a maior ideia científica de todos os tempos”, não foi produto apenas dos 20 anos que Charles Darwin passou mergulhado nos estudos práticos e teóricos da natureza. Beneficiou-se também da impressionante troca de cartas que ele mantinha com colegas e amigos de porte intelectual equivalente. Darwin parece ter escrito mais de 15 mil cartas ao longo da vida, discutindo suas ideias e seus sentimentos. Se ele tivesse nascido no século XX, teria sido usuário ativo de e-mail e redes sociais.
Se a exposição constante a telas de televisão, computadores e celulares fosse capaz de emburrecer seus usuários, seria razoável uma queda planetária no quociente intelectual (Q.I.) nos últimos dez, 20 ou 30 anos. Mas aconteceu o contrário. Depois de 60 anos de TV e de mais de duas décadas de uso cotidiano da internet, o Q.I. não para de crescer. Se um adolescente médio de hoje viajasse para o passado e fizesse o teste de Q.I. em 1950, conseguiria um resultado de 120, considerado elevado. Segundo cálculos de Pinker, um cidadão comum de hoje tem Q.I. maior do que 98% das pessoas em 1910. Se um cidadão de 1910 fizesse o teste hoje, seu Q.I. medido pelos padrões atuais seria 70 – tão baixo que estaria próximo do retardamento. É verdade, porém, que o Q.I. mede um tipo específico de inteligência (lógico-racional) e não pode ser usado, sozinho, para avaliar se a humanidade está emburrecendo ou não.
De todo modo, os apocalípticos da catástrofe digital tampouco explicam outro fenômeno que desafia seu pessimismo: por que as sociedades mais interconectadas do mundo são também as que apresentam melhores índices de desempenho na educação? Países como Dinamarca, Finlândia, Austrália e Coreia do Sul estão entre os dez mais conectados do planeta – assim como entre os dez primeiros no ranking de qualidade escolar da ONU. Parece que a banda larga ajuda no desenvolvimento intelectual dos jovens – ou, pelo menos, seus efeitos nocivos podem ser combatidos por bons professores e uma educação sólida.
A desconfiança em relação às inovações é uma constante humana. Sempre recebemos as novas tecnologias com um misto de esperança e receio. Há 2.400 anos, o pensador grego Sócrates temia que a escrita acabasse com a memória das pessoas. Ele previu que a possibilidade de registrar pensamentos por meio de símbolos sobre uma tábua de cera levaria a um enfraquecimento da mente e do raciocínio. O surgimento da imprensa de Gutemberg, na Europa da Idade Moderna, provocou uma reação parecida em alguns elitistas. Eles achavam que a difusão maciça de livros provocaria a banalização da cultura. Aconteceu o oposto. Em retrospecto, pode-se dizer que a difusão de conhecimento é invariavelmente um fenômeno positivo. Com a internet, é evidente que a humanidade ganhou nesse quesito. A dúvida diz respeito àquilo que perdemos. Algo que um dia poderá parecer tão ridículo quanto as palavras de Sócrates sobre a escrita – ou tão essencial quanto o resto de suas ideias.   
FONTE: Época

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

IBGE indica que analfabetismo cai menos entre maiores de 15 anos

A taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos caiu, entre 2000 e 2010, em ritmo menor do que entre pessoas de 10 a 14 anos, mostram dados detalhados do Censo 2010 divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É preciso ressaltar, porém, que o contingente de analfabetos acima de 15 anos é muito maior do que entre 10 e 14 anos.
No fim de abril, o instituto divulgou dados gerais sobre o analfabetismo e apontou que o país tem 14,61 milhões de analfabetos com mais de 10 anos, o que representa 9% da população na faixa etária.
Os dados desta quarta cruzam os dados gerais com informações sobre faixa etária, sexo, raça e regiões do país.
Conforme o IBGE, no ano 2000, 12,8% da população com mais de 10 anos era analfabeta. Em 2010, o percentual caiu para 9%, uma redução de 29%.
Entre as pessoas de 10 a 14 anos, o índice de analfabetismo passou de 7,3% para 3,9% em 11 anos, queda de 46,5%. O contingente de pessoas nessa situação foi de 671 mil pessoas.
Entre os maiores de 15 anos, a taxa de analfabetismo caiu de 13,6% em 2000 para 9,6% em 2010 - redução de 29,4%. São quase 14 milhões de analfabetos nessa faixa etária. Apesar de cair em ritmo menor, o analfabetismo entre os maiores de 15 anos atingiu o menor percentual da história, considerando dados desde 1940, desde quando o IBGE disponibiliza as informações.
Conforme o instituto, "no contexto internacional, monitora-se primordialmente a taxa de analfabetismo na faixa de 15 anos ou mais de idade". Dentro dessa faixa etária, em 1940, a taxa era de 56%. Quarenta anos depois, em 1980, o índice passou para 25,5%.
"No contingente de 10 a 14 anos de idade a queda [na taxa de analfabetismo] foi mais acentuada. (...) A queda da taxa de analfabetismo ocorreu em todas as faixas etárias, refletindo, principalmente, o aumento da escolarização das crianças ao longo do tempo, e, também, o acesso a programas de alfabetização de jovens e adultos por uma ampla parcela daquelas pessoas que não puderam alcançá-la nas idades apropriadas", diz análise dos dados feita pelo instituto.
Urbana x rural
De acordo com os dados do IBGE, a taxa de analfabetismo continua maior na zona rural do que nas cidades. Considerando todos os maiores de 10 anos, o percentual de analfabetos nas cidades passou de 9,6% em 2000 para 6,8% em 2010. No campo, nesses 11 anos, o índice caiu de 27,7% para 21,2%
No mesmo período, entre as pessoas de 10 a 14 anos, a redução do analfabetismo no campo ocorreu de forma mais acentuada. Passou de 16,6% para 8,4% - queda de 49,39%. Nas cidades, dentro da faixa etária no período, o percentual de analfabetos caiu de 4,6% para 2,9% - redução de 36,95%.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Renda maior aumenta gastos com beleza e faz de salão o negócio da vez


Depois de 25 anos trabalhando como funcionária, a manicure Sandra Ribeiro decidiu abrir o seu próprio salão. Juntou as economias que tinha, fez um empréstimo no banco e com a ajuda dos filhos reuniu cerca de R$ 30 mil para mobiliar um imóvel alugado com cadeiras, sofás, espelhos e instrumentos básicos. O local escolhido foi uma garagem no bairro de Perdizes, Zona Oeste de São Paulo, numa rua onde existem outros cinco salões a menos de 100 metros de distância. Mas, segundo ela, o movimento das primeiras semanas do negócio tem mostrado que clientela é o que não falta.
“Tem muito salão, mas também tem muito prédio e muita mulher dentro de cada prédio”, diz a empreendedora, que agora virou patroa de duas funcionárias e já chega a atender 15 clientes por dia. “Os primeiros dias foram difíceis. No primeiro, atendi um único cliente. No segundo, foram dois, e depois foi aumentando. Estou tendo que conquistar uma nova clientela. Mas está melhor do que imaginei e acho que foi a melhor coisa que eu fiz”, completa.
Como Sandra, muitos outros empreendedores têm apostado alto na vaidade do brasileiro, e ajudado a impulsionar o crescimento do setor de serviços do país, que se destaca no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Dados da Junta Comercial mostram que na cidade de São Paulo o número de registros em cartório de novos estabelecimentos ligados ao setor de beleza já supera, por exemplo, o de lanchonetes e estabelecimentos similares como casas de chá e de sucos.
Entre janeiro e julho deste ano, foram abertas em São Paulo 2.445 empresas de serviços relacionados à beleza, uma alta de 85% em relação ao número de registros no mesmo período do ano passado (1.317). Já o número de abertura de lanchonetes e similares subiu de 1.705 em 2010 para 1.989 em 2011 (alta de 12,5%). Segundo os dados da Junta, existem em atividade na cidade 10.123 estabelecimentos ligados à beleza e 40.552 lanchonetes.
No país, o número de salões de beleza cresceu 78% em cinco anos, de 309 mil, em 2005, para 550 mil, em 2010, segundo levantamento da Associação Nacional do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel).
Parte do crescimento se deve ao incentivo à formalização pelo programa federal que criou a figura jurídica do Empreendedor Individual para negócios com receita bruta anual de até R$ 36 mil. Com burocracia reduzida e menores alíquotas, o programa tem facilitado a legalização e o registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o que faz com que muitos desses pequenos estabelecimentos passem tanto a emitir nota fiscal como a ter acesso a financiamentos, além de garantir a cobertura da Previdência Social.
Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o número de empreendedores individuais formalizados já soma 1,5 milhão no país. Desse total, os cabeleireiros ocupam o 2º lugar na lista das principais ocupações, com 7,6% do total de registros - percentual inferior apenas ao de empreendedores ligados ao comércio de vestuário e acessórios (10,5%). Somados todos os cabeleireiros que aderiram ao programa e os profissionais de atividades de estética e beleza, o número passa de 146 mil empreendedores, correspondendo a quase 10% de todos os registros.
Para a coordenadora de projetos de serviços do Sebrae, Karen Sitta, o baixo custo de investimento para abrir um salão e o rápido retorno podem ajudar a explicar porque há tantos negócios do gênero. “É moda, mas é um mercado que tem tido muita procura e um crescimento fantástico. E como o custo é relativamente baixo, é natural que seja o caminho e a oportunidade que muitos encontram para abrirem seu próprio negócio”, diz.
Ela chama a atenção, no entanto, para a necessidade de buscar a profissionalização e a capacitação da mão de obra para não correr o risco fechar as portas. “Os empreendedores precisam entender o salão como negócio. Não basta só abrir o ponto”, diz. Karen lembra que é preciso lidar com uma série de regulamentações e normas técnicas de higiene e saúde e, sobretudo, saber gerenciar a equipe. “Como a rotatividade no setor é alta, investir na qualificação técnica e na retenção de talentos passou é estratégico”, avalia.
Classe C lidera alta de gasto com beleza
O aumento dos gastos dos brasileiros com beleza talvez seja a principal razão para o aumento do número de salões. Pesquisa do Instituto Data Popular mostra que as despesas com higiene e cuidados pessoais saltaram 388% em oito anos, de R$ 8,9 bilhões em 2002 para R$ 43,4 bilhões em 2010. Segundo o levantamento, a classe C (famílias que ganham entre três e 10 salários mínimos) liderou a alta, respondendo por 45,64% dos gastos (Veja quadro ao lado).
Estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) mostra que os gastos dos brasileiros com serviços de cabeleireiros cresceram 44% em seis anos, movimentando por mês mais de R$ 1 bilhão, praticamente o mesmo valor consumido pelas famílias com frango.
Dados do Euromonitor de 2010 mostram que o país é o terceiro maior mercado de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão. Na venda de desodorante, produtos infantis e perfumaria o Brasil já é o maior mercado mundial.
Segundo a Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), as 1.659 empresas que atuam no mercado faturaram em 2010 R$ 27,3 bilhões, uma alta de 11,8% em relação a 2009.
Mudanças de hábito
Para Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, a elevação dos gastos com beleza está diretamente ligada ao aumento do poder aquisitivo das classes mais baixas e, principalmente, à maior presença da mulher no mercado de trabalho. “Ao sair do bairro para trabalhar, a mulher passa a investir mais nela mesma e tem uma desculpa racional para gastar mais com vaidade”, afirma.

Copa vai ajudar micro e pequenas empresas a movimentar bilhões


Uma pesquisa que acaba de ser concluída mostrou que, só no estado de São Paulo, a Copa deve beneficiar 300 mil micro e pequenas empresas de mais de 400 tipos de negócios. Na Zona Leste de São Paulo, onde está sendo construído o estádio que pode sediar a abertura da Copa, já tem gente se preparando para receber os visitantes.
Ainda é um sonho que, a cada estaca e cada coluna fincada, vai se concretizando. A 20 quilômetros do Centro de São Paulo, o futuro estádio do Corinthians virou um pólo de atração de investimentos. Afinal, em menos de três anos, o canteiro de obras vai dar lugar a um dos palcos mais importantes da Copa.
Antes da chegada dos atletas e dos turistas, a bola rola no mundo dos negócios. Um estudo do Sebrae diz que, com a Copa, micro e pequenas empresas podem movimentar R$ 10 bilhões só no estado de São Paulo. É uma oportunidade de desenvolvimento de regiões mais pobres, como a Zona Leste da cidade.
O leque de possibilidades é imenso. Mais de 400 tipos de negócios vão lucrar com a festa do futebol, desde empresas de construção civil e turismo a outras menos convencionais, que alugam geradores de energia, promovem shows pirotécnicos ou simplesmente fabricam gelo.
“O principal é o empresário perceber que a Copa do Mundo já começou. Não é um evento que só vai acontecer em 2014. Quem quiser aproveitar as oportunidades para a Copa tem de se preparar desde já. Preparar-se significa estudar seu ramo de negócio e estudar as oportunidades desde já. A Copa do Mundo já começou”, afirma Bruno Caetano, superintendente do Sebrae em São Paulo.
A escola de idiomas a quatro quilômetros do futuro estádio já sente a força do evento. No último ano, o número de alunos cresceu 70%. “Profissionais como policiais, bombeiros, mecânicos, vendedores ambulantes e vendedor de loja convencional já pensando no retorno de atendimento a turistas estrangeiros que vêm na época da Copa do Mundo”, diz Leandro Fabrício, gerente comercial da escola.
“É para mostrar a região da Zona Leste de São Paulo. O bairro eu domino, só precisa agora dominar a língua”, comentou Wellington de Souza Santos, de 16 anos.
A oficina mecânica ao lado vai bancar aulas de inglês para quatro funcionários, entre eles a auxiliar administrativo Rosimeire Oliveira, que conhece poucas palavras da língua. “Se chegar um gringo, estaremos aqui para ajudar”, diz.
Em cursos de capacitação e na reforma da fachada, o dono da oficina espera investir R$ 30 mil para garantir um atendimento diferenciado na Copa, que vai incluir telefone para emergências.
“Vamos desenvolver a ideia do ‘0800’ nos pontos estratégicos, nos hotéis, nos estacionamentos e nos postos de gasolina. O volume aumenta e aumenta a necessidade de reparação”, afirma o dono da oficina Juvenal Fernando da Silva.
Uma coisa não vai mudar nem na Copa: "Fiado, só quando a galinha criar dente”, brinca um cartaz. Segundo o estudo do Sebrae e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Copa deve injetar R$ 142 bilhões na economia de todo o Brasil.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Negociar renovação do aluguel é arma para fugir da alta dos preços

A alta dos aluguéis no Rio chegou ao ápice no ano passado, mas seus reflexos podem ser sentidos até hoje. Para os que estão prestes a ver seu contrato de locação chegar ao fim, só resta uma coisa a fazer: negociar muito!
A subida dos preços foi democrática. De acordo com uma pesquisa do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), em 2010, 22 dos 24 bairros monitorados apresentou alta no valores de locação. O campeão foi Botafogo, com alta de 103% nos imóveis residenciais de três quartos.
Não é preciso andar muito pela cidade para ouvir histórias de pessoas que tiveram que se mudar ou dar um jeitinho para arcar com o novo valor. A contadora Daniela Gama, de 30 anos, foi uma delas. O aluguel de seu conjugado, no Flamengo, custava R$ 600. Num piscar de olhos, houve um aumento de 33%:
— Agora, estou pagando R$ 800. E olha que poderia ter sido pior, se não fosse amiga da proprietária. No meu prédio já estão cobrando mil reais.
Os imóveis comerciais também estão no bolo. Nos seis primeiros meses do ano, os campeões de valorização foram a Tijuca, com aumento de 51,1%, e o Centro, com alta de 30,5%. Nesse caso, a situação fica um pouco mais difícil, pois mudar uma empresa de lugar gera custos com os quais os donos, muitas vezes, não podem arcar.
— Alugamos um imóvel comercial na Taquara e pagávamos quase R$ 2.200. Quando venceu o contrato, o dono alegou que o valor estava defasado em relação à região e pediu R$ 5 mil. Conseguimos negociar por R$ 4 mil, por sermos bons inquilinos — diz Genaro Gomes, representante da empresa.
De acordo com o vice-presidente do Secovi Rio, Manoel Maia, após o contrato, o proprietário pode pedir o aumento que desejar, e a única saída para o inquilino é mostrar que é um bom pagador e preserva bem o imóvel.
A justificativa para a alta? O diretor de locação da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Carlos Samuel de Oliveira Freitas, e Edison Parente, diretor da Renascença Administradora, fazem coro: a escassez de imóveis no mercado. Mas, segundo Freitas, resta uma esperança:
— Somente até o fim deste ano entrarão no mercado cerca de 50 mil imóveis. Como a locação também é regida pela oferta e pela procura, espera-se que, em janeiro de 2012, os preços se estabilizem, pois quem comprou uma dessas unidades vai liberar um imóvel.
Inquilino
É mais fácil barganhar o aumento quando o aluguel ainda não venceu. Portanto, antecipe-se sempre que possível. Assim, o inquilino mostra ao proprietário boa vontade e estreita o vínculo com o mesmo. Na hora de negociar, use como pontos a seu favor o cuidado com o imóvel e o cumprimento de prazos e pagamentos da mensalidade.
Proprietário
Antes de propor o aumento do aluguel, faça uma pesquisa de preços dos imóveis similares da região. Tentar subir o valor além do que o mercado comporta pode gerar confusões com um bom inquilino e fazer com que o bem fique sem interessados. Apesar da pouca oferta de residenciais e comerciais, é difícil encontrar quem aceite pagar valores descabidos.
Sem acordo
Caso as negociações sobre o novo valor fracassem e o contrato tiver chegado ao fim, o proprietário pode entrar com ação de denúncia vazia, pedindo a desocupação do bem em até 30 dias. Já se o contrato for por tempo indeterminado, a medida deve ser a mesma, mas o prazo para desocupação subirá para até 90 dias.

domingo, 17 de julho de 2011

Consumidor pode pedir reembolso se desistir de viagem de ônibus



Você sabia que pode receber o dinheiro da passagem se desistir da viagem de ônibus? Uma lei federal determina que a informação esteja nos guichês das empresas. Mas muita gente não lê.
A lei vale para todas as linhas de ônibus intermunicipais, interestaduais e internacionais. Em caso de desistência, para receber de volta o que pagou, o passageiro só precisa pedir o reembolso à empresa antes do embarque.
Segundo a lei, o passageiro tem direito a escolher se quer o bilhete para outra viagem ou o dinheiro. Se o pagamento tiver sido a crédito, o reembolso deve ser feito depois da quitação do débito. Se tiver sido à vista, a devolução deverá ser em até 30 dias após o pedido. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que fiscaliza as empresas, afirma que podem ser descontados 5% do valor pago. E que o pedido de reembolso deve ser feito até três horas antes do embarque.
“As empresas que não afixarem no guichê os direitos e deveres do usuário estão sujeitas a multa, que é aplicada pela ANTT, que pode chegar a R$ 12 mil”, avisa Ana Patrizia Lira, especialista em regulação da ANTT.
Se o direito não for respeitado, o consumidor deve registrar a reclamação.
“Não havendo no terminal rodoviário um posto da ANTT ou de um órgão de defesa do consumidor, o consumidor pode procurar testemunhas e até mesmo fazer uma ocorrência policial desse fato e levar futuramente ao conhecimento dos Procons ou da Justiça para garantir o seu direito”, aconselha Marcelo Barbosa, coordenador do Procon-MG.
E atenção: os bilhetes valem por um ano a partir da compra. Nesse prazo, o passageiro pode mudar a data da viagem quantas vezes quiser, sem pagar nada a mais. O aposentado João Bosco Alves gostou de saber: “Vou ficar de olho. Se acontecer comigo, vou atrás dos meus direitos”.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Trocas de à mesa que derrubam os triglicerídes


Não é segredo nenhum que em um delicioso muffin residem calorias capazes de fazer a barriga crescer. Também está na boca do povo que o excesso de glicose vindo desse e de outros doces consegue abalar, aos poucos, a saúde dos diabéticos. Mas por trás de comidas açucaradas ou gordurosas se escondem outros inimigos do bem-estar: os triglicérides. Justamente para ti - rá-los da sombra, Borge Nordestgaard, clínico-geral do Hospital Universitário de Copenhague, na Dinamarca, reuniu-se com outros pesquisadores de seu país e avaliou o cérebro de 13 951 pessoas. 

Surpreendentemente, os dados analisados sugerem que grandes taxas dessa gordura no organismo trazem um risco significativo de derrames isquêmicos — aqueles caracterizados pelo entupimento dos vasos sanguíneos. Para sermos exatos, uma predisposição até 3,9 vezes maior para mulheres e 2,3 maior para homens. "De acordo com nosso estudo, índices altos de triglicérides estão até mais relacionados com acidentes vasculares cerebrais do que doses elevadas de colesterol", avisa Nordestgaard a SAÚDE!. 

O motivo de essa substância afetar tanto a massa cinzenta ainda não está elucidado. Sabe-se que ela dificulta o fluxo do sangue — o que não é um grande achado. "Partículas remanescentes podem penetrar nas paredes das artérias e formar placas, um fator de risco para problemas cardiovasculares em geral", explica Ana Paula Chacra, cardiologista da Unidade Clínica de Dislipidemias do Instituto do Coração, em São Paulo. 

Se levarmos em conta que aproximadamente 80% dos triglicérides circulantes no corpo surgem por meio da alimentação, um passo essencial para se manter livre deles é ficar de olho nas refeições — e especificamente nos carboidratos simples e nas gorduras saturadas ou trans. Afinal, enquanto um generoso pedaço de bolo, representante alimentício do primeiro grupo, é convertido nessas nefastas moléculas dentro do fígado, um toucinho, por exemplo, é fonte direta de você sabe bem o quê. Logo, alterações alimentares como a exemplificada à direita, que reduzem o aporte desses dois nutrientes, são preconizadas para se manter resguardado contra o problema.


A história da comunicação


1. Só no papo
A fala surge quando gestos, expressões faciais e o uga-uga da Pré-História não são mais suficientes

2. A mensagem eternizada
A escrita libera o cérebro da tarefa de memorizar. Com ela, o saber pode ser acumulado fora do corpo e é possível deixar registros que serão vistos mesmo depois da morte. A palavra escrita torna-se sagrada e os livros, pilares das religiões

3500 a.C.
Os egípcios criam os hieróglifos

4000 a.C.
Já havia serviço de correio entre chineses

8000 a.C.
As primeiras inscrições em carvernas são dessa data

3. Reprodução em série
A prensa, inventada por Gutenberg em 1452, permitiu a reprodução fiel e a difusão de uma mesma mensagem. Os acontecimentos circulam com rapidez. Notícias ganham alcance continental, de forma periódica. Instala-se a idéia da liberdade de imprensa: é preciso dizer tudo

305 d.C.
Primeiras prensas de madeira inventadas na China

1450
Jornais aparecem na Europa

1650
Primeiro jornal diário aparece na Alemanha

4. A mensagem sem fronteiras
O ar é um suporte mais dinâmico e democrático do que as folhas de papel. Com os veículos "de massa", é possível atingir uma multidão de anônimos. As ondas do rádio encurtam distâncias. O telégrafo e o telefone possibilitam a comunicação instantânea - com a interação quase imediata de emissor e receptor - e, por isso, funcionam quase como extensões do corpo

1835
O telégrafo elétrico é inventado por Samuel Morse

1876
Alexander Graham Bell patenteia o telefone elétrico

1887
Emile Berliner inventa o gramofone

1894
O italiano Marconi inventa o rádio. Trinta anos depois, o veículo está no auge da sua popularidade

1899
Primeira gravação magnética, ponto de partida de fitas cassete

1948
Inventado o LP de vinil de 33 rotações

5. A ilusão do mundo real
A comunicação audiovisual poupa-nos o esforço da imaginação. Da urgência de captar o movimento de uma sociedade industrializada, surge a fotografia. Logo o cinema cria a ilusão do movimento real. A TV traz o mundo para dentro da sala - e, com ele, as mensagens publicitárias. Há uma nova maneira de perceber o planeta: é o começo da globalização

1827
Joseph Nicéphore Niépce faz a primeira fotografia de que se tem notícia

1888
Aparece a câmera fotográfica de filme de rolo

1895
Os irmãos Lumière inventam o cinema na França

1910
Thomas Edison faz a demonstração do primeiro filme sonoro

1923
A televisão é inventada por Vladimir Kosma Zworykin

1927
Primeira transmissão de televisão na Inglaterra

1934
Inventado o videotape

6. Tudo ao mesmo tempo agora
O mundo virtual é um imenso arquivo de dados sempre disponível. Não há fronteiras: tudo está ligado em rede planetária. E um minúsculo aparelho é capaz de nos dar acesso a todo esse universo. Os impactos da internet mudam as relações de trabalho, o aprendizado e a vida social. É preciso rever alguns conceitos, como a liberdade de expressão

1971
Surge o primeiro disquete de computador

1976
Inventado o computador pessoal Apple I

1981
Vendido o primeiro PC da IBM

1994
Nasce a World Wide Web

FONTE: Super interessante